Custos de construção de imobiliário continuam a aumentar

A escalada dos custos na construção de novas habitações continua, agora impulsionada pelo aumento dos custos com mão-de-obra.

 

O constante encarecimento dos custos de construção de novas habitações, que já se prolonga há mais de um ano, não dá sinais de abrandar, em parte devido à escassez de trabalhadores em Portugal e na Europa.

As empresas do setor de construção preparam-se para anunciar aumentos salariais, numa tentativa de contornar esta realidade. Caso não ocorra uma mudança significativa nesta dinâmica, com a adoção de métodos construtivos menos dependentes de mão-de-obra, a perspetiva de uma redução nos preços das habitações em Portugal, tornando-as mais acessíveis aos cidadãos, pode permanecer como uma miragem.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o custo de construção de uma nova habitação registou um aumento médio de 3,9% no último ano. Este aumento deveu-se principalmente ao incremento de 8,1% nos custos associados à mão-de-obra. Por outro lado, os materiais de construção, cujos preços dispararam durante a pandemia e com o início do conflito na Ucrânia, finalmente apresentam sinais de estabilização. Em 2023, o aumento foi de apenas 0,9%, em comparação com os 16,7% registados no ano anterior. Segundo José Matos, secretário-geral da Associação Portuguesa de Comerciantes de Materiais de Construção, “as cadeias de abastecimento regressaram à normalidade e os preços diminuíram. Esta é a tendência, a menos que ocorra algo disruptivo nos próximos meses”.

Contudo, há margem para uma redução nos preços de alguns materiais. Em dezembro passado, o custo global desses produtos registou uma queda de 2,2% em relação ao mesmo mês de 2022. Os revestimentos, isolamentos e materiais de impermeabilização lideraram essa descida, com cerca de 20%, seguidos pelo aço para betão e perfilados, e chapa de aço macio e galvanizada, com uma redução de aproximadamente 15%. Por outro lado, o betão pronto e os artigos sanitários evidenciaram um crescimento homólogo de cerca de 10%, enquanto o cimento, tintas, primários, subcapas e vernizes aumentaram cerca de 5%.

Em dezembro, os custos com mão-de-obra aumentaram 7,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este aumento não parece estar perto de abrandar. Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção de Portugal, estima uma carência de 90 mil trabalhadores no país para dar resposta às numerosas obras planeadas para os próximos anos. A solução para este problema pode passar pela construção off-site ou modular, que exige menos mão-de-obra e pode ser mais eficiente em termos de custo e tempo de execução, tornando a habitação mais acessível a diferentes estratos sociais.

Estes fenómeno tem tido um forte impacto na escassez de construção nova. Em Portugal, durante a última década, foram construídos apenas 17 fogos por mil habitantes, enquanto a média da União Europeia é quase três vezes maior, agravando ainda mais a carência habitacional.

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